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            A arte dramática, ou simplesmente teatro, surgiu na Grécia Antiga, nos tempos de Platão e Aristóteles. Hoje, conhecemos por teatro aquele vindo do verbo grego “theastai”, que significa contemplar, ver ou olhar. A noção de representação está vinculada ao ritual mágico e primitivo do homem e é tão antiga quanto a sua concepção. Há teóricos que afirmam que o teatro nasceu quando o homem primitivo colocou e tirou a máscara diante do espectador, em um exercício consciente de simulação e representação, ou seja, do signo (OLIVEIRA, 1998).
No ensino, especialmente de línguas, ele vem sido largamente utilizado. A principal vantagem desta técnica é a promoção da interação em sala de aula, por meio de situações autênticas, facilitando o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno, por meio da interação. Bygate (1987) afirma que esta resulta da simbiose entre o conhecimento e as capacidades motoro-perceptivas de se atingir a interação. Além disso, leva o aluno a refletir sobre o que dizer, como dizê-lo e como desenvolver a comunicação de acordo com as intenções em descuidar-se da relação interpessoal, possibilitando criar diversos contextos de criação.
O mesmo autor ainda afirma que a escolha do tema deve ser feita no início da atividade e geralmente está fora do controle dos alunos. O professor, com ou sem apoio do material didático, solicitará algo que seja pertinente à unidade estudada, lembrando que estamos em um contexto de abordagem comunicativa e ensino contextualizado. Rosa (2009) afirma que a forma como o tema é desenvolvido é a única parte que é controlada pelos ditos atores.
Durante a realização da tarefa, a negociação faz parte da tarefa. Ela acontece de duas maneiras. A primeira, chamada negociação do significado refere-se à capacidade de se comunicar de forma clara, utilizando um nível de clareza que seja pertinente à situação proposta. Já a segunda, denominada de negociação da gestão da interação diz respeito ao planejamento e troca de turnos durante a conversação e ao planejamento em si da atividade (ROSA, 2009).
No nível fonológico, a role-play auxilia o aluno a produzir e realizar fonemas em contextos específicos, além de distinguir traços fonéticos, passando por processos como a redução e a elisão. Segundo Bygate (1987), no nível sociolinguístico, ela contribui para o aluno praticar a negociação, bem como regras de polidez. Já no nível da pragmática, Richards e Rodgers (2010) afirmam que os aspectos mais importantes para serem trabalhados são a flexibilidade, a tomada da palavra, a coerência e coesão, a fluência na oralidade e a precisão proposicional. É importante ressaltar, segundo Rosa (2009) que o erro tem uma visão positiva: eles serão utilizados pelo professor para ensinar seus alunos, posteriormente.
Para Ladousse (1987), na role-play o aluno age como se fosse uma personagem. Prado apud Candido (2007) afirma que no teatro o personagem é o principal, pois sem ele não há história. O cenário é basicamente neutro, uma vez que “o teatro [fala do homem] através do próprio homem, da presença viva e carnal do ator”. Claro que não se considerou os alunos como atores profissionais, mas seus papeis dentro da atividade são bem próximos ao de um.
Ladousse (1987) considera que role-play é como uma espécie de simulação, tendo, porém, mais flexibilidade e proporcionando uma variação mais pessoal do exercício.  Esse tipo de atividade ainda coloca os alunos perante a uma série de condicionalismos que existem no mundo real, tal como o constrangimento, a motivação e a pressão (Ments, 1999:13). Vale ressaltar que esses condicionalismos tornam a atividade tão vantajosa numa sala de aula, por se aproximar do contexto real de comunicação. Ou, como nos afirma Rosa (2009: 24): “é o tubo de ensaio final da consolidação de uma aprendizagem”.
Ments (1999) seleciona uma série de vantagens ao se usar role-play. Segundo o autor, a primeira grande vantagem é que os alunos se sentem mais desinibidos e mais capacitados para participar das aulas. Assim, as aulas tornam-se mais dinâmicas e interativas. Em segundo lugar, a confiança do aluno aumenta, assim como a sua motivação. O aluno percebe um progresso mais natural, o que o faz perceber resultados. E em terceiro lugar, a aula perde o tom sério dos métodos tradicionais, tornando-a mais divertida e dividindo a responsabilidade de aprendizagem entre professor e aluno, bem nos moldes da abordagem comunicativa.
Todavia, Rosa (2009) ressalta algumas desvantagens, tais como alto tempo gasto e pode ser visto como uma atividade de entretenimento e não de aprendizagem. Em relação à primeira, acredita-se, com base nas experiências de sala de aula, que o tempo não é um fator tão desvantajoso como apresenta o autor, visto que se reduz o teacher’s turn e aumentado o student’s turn. Já em relação à outra assertiva, ela realmente ocorre e pode ser um empecilho no trabalho do professor, mas que não provoca nenhum prejuízo do ponto de vista pedagógico.
É importante ressaltar que role-plays são atividades de produção oral. No que diz respeito à expressão oral, o Plano Curricular do Instituto Cervantes (1994: 95) salienta que:
Aprender a expressar-se oralmente em uma língua estrangeira supõe poder comunicar a um interlocutor concreto, num momento determinado, aquilo que se pensa, necessita-se, etc., da forma mais adequada possível as expectativas do interlocutor e da situação comunicativa. (tradução nossa)

Pode-se estabelecer, de acordo com Pinilla Gomes (2004: 881), as características mais conhecidas e completas dos elementos que integram e condicionam as situações comunicativas:

S: Setting: ambiente, cenário.
P: Participantes.
E: Ends: Fins, intenções (objetivos, resultados).
A: Art characteristics: forma e conteúdo da mensagem.
K: Key: chave (forca ilocutiva) da mensagem e do tema.
I: Instrumentalities: canal e código.
N: Normas de interpretação.
G: Gênero: tipo de ato de fala.

Esses elementos são de suma importância para o desenvolvimento da expressão oral e a sua integração com outras habilidades. Considerando fala como um ato comunicativo complexo, temos que considerar em quais situações reais ela ocorre e quais elementos dela formam parte e é essa relação com a realidade que a role-play vem buscar para a sala de aula.
As atividades orais, nas quais as role-plays se encaixam, tem fases a serem seguidas para um uso mais eficiente. Segundo Ur (1996: 365), elas são:

1) Preatividade/s: de motivação; de conhecimento do tema, trabalho gramatical e de léxico prévio;
2) Exposição clara do/s objetivo/s da atividade e dos passos que devem ser seguidos para realizá-la;
3) Avaliação da atividade;
4) Postatividade/s: dedução das regras e prática dos conteúdos gramaticais, de léxico, jogos, etc.


         Essas etapas pressupõem um planejamento por parte do professor das atividades a serem desenvolvidas pelos alunos de maneira a auxiliá-los durante a sua realização, esclarecendo-lhes os reais objetivos de aprendizagem e a garantir o seu êxito.

Obs.: o presente artigo é uma tradução sintetizada do que foi publicado no Canadian Journal of Applied Linguistics, em 2014.